BJC NA COPA: DVD – Estados Unidos 1994

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“Sai que é sua Taffarel!” (mas que imagem ruim!)

Eu não queria lembrar vocês mais uma vez, mas o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo pela Holanda na semana que passou. Agora que eu lembrei mesmo sem querer e todo mundo já está pensando em 2014, vale a pana retomar os posts sobre futebol aqui no BJC. Vale também retomar este assunto, antes que a grande final chegue e não tenhamos mais desculpa para publicar matérias desse tipo! 😀

Esse DVD eu comprei para conhecer a coleção da Placar (nas bancas), além de tirar uma dúvida que chegou através do amigo Fábio “Scrat” do Blu-rays Legendados. Ele levantou a lebre no Twitter que este DVD poderia ser exatamente o famoso longa metragem “Todos Os Corações do Mundo”, filme que envolveu uma equipe de brasileiros na sua produção e passou em MUITOS cinemas do país em 1995.

E para a minha surpresa e do Zagalo, o boato era VERDADE! Pela primeira vez temos esse filme em DVD (presumo que não tenha saído em nenhum outro país). Mas espere, pois não podemos comemorar muito! Temos problemas SÉRIOS de imagem e áudio, em um contundente VHS digital. Não vou me alongar (mais abaixo vocês terão um texto bem completo descrevendo detalhes), mas queria contar que no início não reconheci o i filme. Até detonei ele no JotacasTV, mas depois resolvi baixar (sim, confesso que pequei padre @brunofm) o longa em TV Rip da interwebs para efeitos científicos-resenhísticos. E apartir desta prova cabal, confirmei em ato de completa explosão cerebral. Realmente é o dito cujo.

DVD com áudio PÉSSIMO em 2 canais, imagem lavada, borrada e igualmente VERGONHOSA. Chega a ter aquelas marcas de VHS mastigado. Sério.


Isso não é imagem de DVD. Pelo amor dos meu filhinhos!



Bit rate com apenas 4Mbps de média. Mais abaixo seria um VCD!

Fiz um vídeo supimpão em HD comparando as duas versões lado a lado. Gostei tanto de fazer isso que quero repetir a dose em próximas resenhas.

NA ESQUERDA É O DVD – – – – – – – – – – – – – – – – – – NA DIREITA O TV RIP

Observem que, incrivelmente, o áudio do TV Rip é MUITO MELHOR que o do DVD oficial (você deve ter levado um susto no vídeo). Mais um Pirata Original para a coleção. Uma pena.

Eu até escreveria mais, mas o leitor  Renato Félix [Blog] [Twitter] nos enviou um texto ÓTIMO sobre a edição (e a coleção). Abaixo:

Em 1994, o Brasil finalmente saiu de uma fila de 24 anos e ganhou sua quarta Copa do Mundo. No ano seguinte, a comemoração continuou nos cinemas: estreava “Todos os Corações do Mundo”, o documentário oficial da Fifa sobre aquela Copa, para o qual a entidade escalou uma equipe quase toda brasileira na criação. Excelente, o filme lembrava os saudosos cinejornais do Canal 100.

A coleção lança todos os documentários oficiais das Copas do Mundo. Com exceção do volume dedicado em conjunto às quatro primeiras Copas (1930, 1934, 1938 e 1950), os demais mostram longas-metragens produzidos para cada torneio, com estilo e narração independentes entre si, mostrando muito mais detalhes do que estamos acostumados a ver e montando um painel precioso da história do futebol. Mostrando, inclusive, como esse esporte pode ser cinematográfico.

Embora com lombadas que indicam que se deva guardar a coleção na ordem cronológica, os volumes foram chegando às bancas fora dela: o primeiro foi o da Copa de 1970, no México, chamado “The World at Their Feet” e dirigido pelo mexicano Alberto Isaac (que já havia dirigido o documentário sobre as Olimpíadas da Cidade do México, em 1968). O segundo foi o da Copa de 2002, cujas sedes foram o Japão e a Coréia do Sul, chamado “Seven Games from Glory”.

O filme da Copa de 2002 é apontado pelo IMDB como produzido diretamente para a TV, mas é uma exceção: até porque não havia DVD ou TV a cabo, a grande maioria desses documentários foi mesmo exibida nos cinemas, como “Todos os Corações do Mundo”. Na verdade, antes da popularização da televisão, esses filmes foram os responsáveis por guardar para a posteridade imagens históricas – como as do primeiro título brasileiro, na Copa de 1958 – o filme é “Hinein! – Fussball Weltmeisterschaft 1958”, uma produção alemã.

“Todos os Corações do Mundo” é o 11º dos 15 volumes, mas infelizmente não veio como chegou aos cinemas brasileiros – com um belo texto escrito por Armando Nogueira e a narração do ator Antônio Grassi. Foi feita uma tradução mais fiel ao texto original de Georges Vecsey e a narração é com a voz padrão dos demais volumes da coleção, a cargo de Domenico Gatto.

Mais do que isso – e aí está um problema grave –, é como se “Todos os Corações do Mundo” nunca tivesse existido. Para seguir o padrão, não é citado na capa que se trata do mesmo filme – consta apenas, como título, a citação da sede e do ano do torneio (“Estados Unidos 1994”). Na legenda, o título é traduzido literalmente para “Dois Bilhões de Corações”.


Comparativo entre os títulos do DVD (esq) e o TV Rip (dir)

Também não há qualquer destaque para o fato de que a equipe é brasileira. A direção é de Murilo Salles (de “Nome Próprio”), com unidades comandadas por Roberto Berliner, Andrucha Waddington e Vicente Amorim (depois, todos os três dirigiriam com sucesso seus próprios filmes) e direção de fotografia de Cesar Charlone (que anos mais tarde assinaria a fotografia “apenas” de “Cidade de Deus”).

Para completar, por alguma razão a narração não foi feita sobre a trilha original sem voz – como sempre acontece com os filmes dublados. A voz de Domenico Gatto surge sobre, inclusive, a narração original do ator Liev Schreiber (cujas “sobras” podem ser ouvidas). Nestes momentos, não só a narração original, mas também a trilha sonora tem o áudio reduzido e parte da beleza da música de Gary Stockdale acaba comprometida. A estranheza é maior porque este é um problema que não se repete nos demais volumes – com a narração dublada como deve ser, sem arrasar com a trilha.


Será que se ele não tivesse feito isso o resultado poderia ser diferente?

Um lançamento em DVD ou Blu-ray de “Todos os Corações do Mundo” como foi exibido originalmente no Brasil parece quase impossível – o jeito é correr atrás de alguma cópia em VHS ainda escondida por aí nos porões alguma velha locadora. Mas ainda assim, a coleção é imperdível. As imagens formam um registro único e todos os volumes são acompanhados por uma boa publicação impressa sobre o respectivo torneio. E cada filme mostra que futebol e cinema nasceram um para o outro.

Imagens:

A capa até que não é feia!


Estojo Amaray Dubois “Black Piano”


Capa e contracapa do Dossiê


Dossiê por dentro


Pelo menos o Dossiê cabe dentro do estojo! Hunf!

Este DVD só vale pelo seu ineditismo e registro histórico. Como colecionável até tem seu valor dentro do conjunto da Placar, mas poderia ser MUITO melhor nos quesitos som e imagem. Realmente uma enorme oportunidade perdida, assim como foi o Brasil nesta Copa de 2010.

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