Deu na Forbes: 6 motivos porque a mídia física ainda faz dinheiro – e não morrerá tão cedo

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Normalmente, mostramos aqui no BJC pessoas que se utilizam de falácias para insistir na morte da mídia física para a distribuição de conteúdo audiovisual – e sempre contra-argumentamos utilizando fatos e bom senso. Desta vez, utilizaremos um exemplo de jornalista que faz a lição de casa, usou o cérebro e percebeu que as coisas não são como os profetas do Apocalipse pregam.

Em artigo publicado na página da Forbes em 8 de julho, Dade Hayes cita seis razões pelas quais o DVD (e as mídias físicas em geral) ainda tem um papel importante a representar dentro do mercado. Hayes inicia seu artigo dizendo que, apesar da onda crescente de distribuição digital, as mídias físicas ainda acompanham relativamente bem o mercado. Realmente a queda nas vendas das mídias físicas foi significativa (30% desde 2004, auge da popularidade do DVD), mas atualmente se encontra em situação estável. O motivo para esta queda é a diversificação: os consumidores continuam famintos por conteúdo, mas agora têm muito mais opções além dos discos físicos para saciar sua vontade.

O que não significa que está na hora de fazer o obituário do DVD. O formato pode não estar na crista da onda (o que incomoda alguns executivos do setor, que preferem trabalhar com as novidades, não com os produtos consolidados), mas ainda tem um papel vital dentro do ecossistema do mercado. Como afirmou Bill Clark, presidente da Anchor Bay Entertainment, a mídia física “é uma importante fonte de dividendos. Não há indicação de que o digital ultrapassará o físico”.

Vamos agora aos seis motivos pelos quais, mesmo após quase uma década desde o pico das vendas do DVD, a fatia da mídia física permanecerá sendo substancial:

1) As crianças precisam da mídia física

Carro cheio para as férias, hora de pegar a estrada e é preciso arrumar um jeito de distrair a gurizada durante a viagem. Uma opção comum é colocar um filme, mas enquanto não inventarem um modo de transformar os automóveis em pontos de acesso Wi-Fi, aumentarem a banda de conexões via celular e diminuírem o custo dos links móveis, a solução para ter acesso a esse conteúdo é um disco físico. Mesmo com a popularização de tablets entre os pequenos, a praticidade e a facilidade de uso ainda tornam o DVD uma escolha melhor.

Mas não é pra criança fazer isso com o disco

2) O próprio marketing da indústria diz isso

O argumento de venda mais usado para o UltraViolet (sobre o qual falamos neste artigo aqui) é justamente o conceito de acesso multiplataforma ao conteúdo: mídia física, cópia digital, streaming via Internet. Isso significa que o disco sempre estará no panorama. Conforme prevê Victor Elizalde, presidente da VIVA Pictures, “no futuro, você comprará uma cópia digital e receberá um disco como forma alternativa para acessar o conteúdo”.

Diagrama mostrando o conceito multiplataforma do UltraViolet

3) A especialização favorece a mídia física

Não é só de filmes e séries que vive o mercado. Existem também nichos como esportes, música, religião, cursos, etc., cujas oportunidades de negócios são melhores (e maiores) com a mídia física do que com arquivos digitais. Por exemplo, é mais fácil a um time de futebol vender um DVD oficial de um campeonato em bancas de jornal, lojas de esportes e supermercados do que vender um download de arquivo oficial.

DVD manual
Manuais de carro em DVD; simples e de fácil uso

4) O Blu-ray ainda oferece a melhor experiência visual

Sempre batemos nesta tecla aqui no BJC e o articulista da Forbes concorda: para os cinéfilos e videófilos, o Blu-ray é quem oferece a maior qualidade. A inclusão de drives de Blu-ray nos novos consoles de jogos (Playstation 4 e XBox One, que também são vendidos como plataformas de entretenimento) servirá para dar maior impulso à mídia de alta definição. A adoção do Blu-ray não foi a esperada pelos executivos, principalmente porque, segundo Bill Clark, “muitos consumidores não compreendem o formato”. Clark ainda diz que há a intenção de lançar uma campanha de esclarecimento a respeito das vantagens do Blu-ray e do UltraViolet.

NetBD
Comparativo entre Netflix e BD

5) É a escolha dos colecionadores

Ainda existem fatores que impedem que o armazenamento digital de conteúdo domine completamente o mercado. Questões de custo e conveniência referentes ao armazenamento de arquivos e à largura de banda necessária para o acesso ao conteúdo não foram completamente respondidas. Em uma coleção digital, quanto maior a quantidade de itens, maior o custo para o provedor, que certamente terá que repassar isso de alguma forma ao consumidor. Já na coleção tradicional com mídias físicas, este problema não ocorre.

Além disso, muitas empresas perceberam algo que nós do BJC sempre cravamos: embalagens e produtos especiais atraem os fãs e o colecionadores. Por exemplo, todas as 35.000 mil unidades da Cabeça Zumbi da segunda temporada de The Walking Dead foram vendidas, mesmo com o preço de US$ 100. Isso significa alguns milhões na conta das produtoras, algo que não pode ser ignorado.

Cabeça Zumbi: possível somente com a mídia física

6) Para muitos americanos, ainda funciona

Fora dos grandes centros, a conversa da morte do DVD e da supremacia da distribuição digital ainda não colou. Por conta da recessão, para muitos americanos é muito mais prático e barato ir a uma Redbox (que supera a quantidade de quiosques de McDonald’s e Starbucks combinados) para alugar filmes. Este é um mercado no qual as empresas precisam estar presentes.

Quiosque da Redbox, que oferece aluguel barato de DVDs e BDs

O argumento usado por Hayes é repetido pelo analista Michael Pachter, em artigo de Erik Gruenwedel denominado “Discos de locação estarão por aí durante anos”. A análise feita por Pachter indica que a maioria dos consumidores de filmes procura o menor preço possível por locação, o que favorece empresas como a Redbox. Essas pessoas preferem gastar US$ 1,20 por dia na locação de um disco do que pagar US$ 5,99 pelo mesmo conteúdo em Video On Demand (VoD).

Enquanto isso, empresas como a Netflix travam uma batalha para equilibrar os crescentes custos com armazenamento e largura de banda, a obrigatoriedade de oferecer conteúdo variado e de qualidade a seus assinantes e a necessidade de manter as mensalidades baixas, para evitar o êxodo de clientes. Nesta disputa entre lucratividade e preço baixo, a vantagem ainda é do DVD; por este motivo, a mídia física ainda seguirá firme por muito tempo.

Aqui no Brasil esta situação é ainda mais fácil de se entender, por conta da falta de infraestrutura de conexões banda larga que funcionem a contento e do alto custo dos links de Internet em nosso país. Em muitos lugares, as locadoras ainda sobreviverão à onda do VoD; a maior ameaça a este modelo de negócios ainda é a pirataria.

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