Protesto do colecionador – A decadência da Universal

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Esse é mais um manifesto contra o péssimo tratamento dado pelas produtoras locais aos seus DVDs, e consequentemente, aos colecionadores. Dessa vez apresento o caso da Universal Pictures do Brasil. A partir do momento que ela decidiu ter seus DVDs replicados pela Microservice (2002), seus produtos tiveram uma queda exponencial de qualidade, tanto na embalagem quanto no conteúdo dos DVDs. Como exemplo de uma fase áurea dessa produtora, postei na sexta-feira um vídeo com a edição tripla de Hulk, mas poderíamos citar também a edição com 2 DVDs e trilha sonora de A Lista de Schindler, ou até mesmo o caixão de OITO DVDs da Classic Monster Collection. Ray e King Kong também já tiveram apresentações diferenciadas, com luva inclusive.

Scanavo_naoPois é pessoal. Este tempo de vacas gordas parece que não voltará mais. Desde a edição de Gladiador (que saiu lá na R1 em Digipak) a galera da produtora do universo iniciou um processo de mutilação e perda de qualidade impressionante. Só para ilustrar, as trilogias De Volta Para o Futuro e Jurassic Park perderam um disco de extras inteiro nesse período. Nem se fale a edição tripla de E.T. que virou artigo de poucos (só daqueles que conseguiram comprar em um curto espaço de tempo). Recentemente, Heroes saiu nos EUA com sete discos. Aqui, SEIS. Não vou citar tudo, obviamente, mas com estes exemplos vocês podem perceber que a Universal não está interessada em disponibilizar um produto de qualidade para os fãs de seus filmes e seriados. O que todos os colecionadores dizem (com propriedade) é que, mais uma vez, a busca do lucro fácil através de uma estratégia de baixos custos de produção é a razão para tais absurdos.

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O box de “De Volta para o Futuro” era assim. Para conseguir ele agora só com ajuda do Dr. Brown!

No universo (sem trocadilhos) da degradante situação, podemos destacar duas “novidades” que foram introduzidas pela Microservice (obviamente a pedido da Universal).

1 – O estojo DUBOIS
Conhecido também como “Amaury”, “Amaray molengo”, “Amaray furado”, Diboás molengo” e outras alcunhas, este estojo tem a própria Amaray como idealizadora. Teve o intuito, na origem, de possibilitar a colocação de um dispositivo de segurança (chamado de The Red Tag System), conforme a imagem abaixo:

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Agora pergunto a vocês: quantos lugares (no Brasil) vocês viram utilizando esse sistema? Eu até hoje não vi NENHUMA LOJA que pudesse colocar em prática o que este estojo (que no nosso país é mais fino e com acabamento péssimo) possibilita. O máximo que eu já vi foi a utilização da abertura como lugar para que aquelas cintas anti-furto (alguns hipermercados ainda usam) sejam “travadas” e não escorreguem nas mãos do amigo do alheio. Se ninguém usa, qual o motivo dessa COISA ser produzida aqui?

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Como diria a Ivete Sangalo, o que este estojo mais gosta é de POEIRA!

O que é mais grave (sempre tem essa parte né?), é que o orifício retangular que possibilita a passagem da fita vermelha é UM PASSE GRATUITO para dois dos maiores inimigos das mídias: e UMIDADE! É um dos erros de projeto de embalagem mais grosseiros que eu já vi. E continua sendo distribuído por aí, livremente.

2 – O estojo “SCANAVO”
Este vocês já conhecem aqui do blog. É aquele estojo que se fosse produzido em Portugal, seria uma piada pronta. Mas é real: no Scanavo, temos que tirar um disco para pegar o que está embaixo. Mas como desgraça pouca é bobagem, as travas são duras pra dedéu e você terá muita sorte de não trincar os seus discos ao retirá-los da embalagem, vejam os exemplos:

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Para retirar o disco 1, você poderá trincar (toc, toc toc) o disco dois TAMBÉM!

E para completar mais essa porquice do universo, observe na foto que essa edição com os episódios de Mr. Bean possui três discos, certo? Só que para surpresa geral, a Microservice optou por colocar um estojo para QUATRO DVDs (e o pior é que existe Scanavo para 3 discos sim)!

E não se iludam! Aquele “disco” de “Velozes e Furiosos” não é um DVD brinde! É sério! Veja:

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“Paper Disc”: mais uma novidade da Universal do Brasil!

Alguém lá dentro da “Universervice” (Universal e Microservice trabalhando juntas na desqualificação dos DVDs nacionais) teve a “brilhante idéia” de colocar UM DISCO DE PAPEL dentro do estojo! Afinal, alguém poderia pensar que a sua edição teria um disco a menos! Para isso não acontecer, tascaram logo um papel com a propaganda de um outro DVD!!! AAAAAAAAAAAARGH!

E o desastre não é só com embalagem. Dá pra listar mais coisas que afrontam a inteligência de qualquer um que entenda um pouco do assunto. Vejam:

1 – Vários seriados lançados pela Universal estão com o formato de tela mutilado. No caso de House, por exemplo, a primeira temporada está em letterbox (nos EUA também), porém a segunda temporada o formato incrivelmente é fullscreen (o seriado sempre foi wide). Diversos seriados foram lançados até o início do ano passado em tela cheia, todos mutilados.

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House – 1ª temporada: Informação INCORRETA sobre o formato de tela.

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House – 1ª temporada: A correção foi feita com uma ETIQUETA colada sobre a embalagem.

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House (edições importadas dos EUA em Digipak): dose cavalar de inveja!

2 – Dessa época também, a maioria dos seriados lançados pela Universal possui somente áudio em dois canais (The Office como exemplo). A experiência de Home Theater com esses seriados é tão ruim quanto suas embalagens. Em muitos casos os DVDs piratas desses seriados (ripados da TV), possuem qualidade SUPERIOR ao original (no formato de tela e no áudio). Parece brincadeira, mas não é.

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House – 2ª temporada: NENHUMA informação sobre áudio ou formato de tela na embalagem.

3 – Os DVDs de filmes não trazem um encarte sequer. Não há índice de cenas, ou informação sobre os extras. Não há impressão no verso das capas. Tudo é feito para “economizar” (economia BURRA).

Esses são apenas alguns casos de desrespeito ao consumidor que coleciona DVDs. O pior é que quando eu ligo pra lá “soltando os cachorros”, as atendentes sempre dizem que eu sou o primeiro a reclamar, quase não acreditam no que estou dizendo. Penso que, se todos protestassem quanto a isso, alguma coisa poderia ser feita por parte deles. O exemplo da lata Bourne está aí para comprovar. Quem quiser reclamar, o contato da produtora está na aba aí em cima no blog.

O chato mesmo é que a Universal tem ótimos títulos, mas não valoriza o seu próprio acervo. Quem não gostaria de ter Munique, por exemplo, numa edição carpichada, com vários extras? Mas infelizmente, isso não é levado em conta, nem como estratégia para fugir da pirataria. A postura (da Universal e de outras) é de se igualar ao camelô, e não de se diferenciar. Que pena.

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