BJC Debate: Blu-ray vale a pena?

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Nota do Jotacê:
O BJC coloca na mesa o debate que já vem rolando nos comentários há um bom tempo: mas afinal, vale a pena mesmo investir agora no Blu-ray? Paulo Camargo faz uma reflexão opinativa sobre o assunto no texto abaixo e amplia a discussão, que na maioria das vezes se resume a “preço versus qualidade”, dessa vez aprofundando mais o tema.

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Com a chegada da alta definição aos lares brasileiros por meio da transmissão via TV, aos poucos o Blu-ray começa a ser assunto no ambiente de trabalho, escolas etc.

O Mundial de Futebol em 2010 com certeza ira incrementar as vendas de equipamentos hi-def, principamente o setor de TVs.

Para quem acompanha o mercado de home video o Blu-ray já não é nenhuma novidade, temos acompanhado as notícias em relação aos discos de alta definição que trazem em seu conteúdo não somente uma melhor qualidade de imagem e som, como também maior interatividade com o usuário.

Mas a dúvida que permace na cabeça de quem deseja investir na nova tecnologia é se o formato realmente irá vingar a ponto de substituir o DVD ou será direcionado a um nicho de mercado que irá atender a um consumidor mais exigente.

Após a guerra dos formatos, o próximo passo dos fabricantes é convecer o consumidor de que o Blu-ray vale a pena, não somente na questão de qualidade mas também no custo benefício de se ter a tecnologia em nossas casas.

Com este propósito, os fabricantes de equipamentos começam a reduzir os custos dos BD players para patamares mais aceitáveis do que os primeiros modelos que chegavam a custar em media 400 dolares nos EUA.

Esta queda no preço dos equipamentos deve chegar em breve ao Brasil, contudo, qual o “valor justo” a ser pago pelo player? R$ 500,00 é a resposta da maioria dos consumidores, ou melhor, dos amantes da sétima arte ou do colecionador, pois para o consumidor normal que apenas deseja assistir um filme, ainda está fora do orçamento.

E o que pensam as ditribuidoras nacionais? Uma amostra pode ser dada pela declaração de Wilson Feitosa, da Europa Filmes, em entrevista deste mês na Revista Ver Vídeo (voltada para locadoras), onde diz que não acredita no Blu-ray:

“… Não devia falar, mas não posso deixar de ser honesto comigo mesmo… Não, não acredito no Blu-ray em lugar nenhum do mundo.

Eu, particularmente não acredito. Acho que o Blu-ray é uma mídia que nasceu morta. Infelizmente! Adoraria que o Blu-ray fosse realmente uma mídia do futuro, mas não acredito que será. Tomara que esteja errado. Acho que o VOD (video-on-demand) superará o Blu-ray em breve e, por esta razão, acho que o Blu-ray não tem futuro.

Primeiro, nos Estados Unidos, o desenvolvimento dele, em razão do consumo ainda é muito pequeno. No Brasil então…

Não tenho Blu-ray em minha casa, poderia ter. Não tive interesse em ter. Por quê? Não estou preocupado em mudar os players que tenho para ter uma qualidade melhor. Realmente a qualidade é melhor. Mas a qualidade do DVD é boa, estamos satisfeitos. Acho que a maioria dos brasileiros também está.

E brasileiro não é de trocar. Não é como o japonês que saiu uma coisa nova, ele vai lá e troca. ‘ah, esse ficou obsoleto’, quando na verdade nem ficou obsoleto, tem um item a mais.

Não acredito muito em vida longa para o Blu-ray. O que podemos fazer? O brasileiro só vai comprar um aparelho de Blu-ray quando custar R$200,00 ou R$300,00; este produto teria que ser fabricado aqui no Brasil; que eu saiba, a Tania Lima [da UBV] conversou com a Associação de Fabricantes e parece que existe uma tendência para, até o final do ano, algumas fábricas começarem a produzi-lo por aqui, pois não conseguiremos desenvolver Blu-ray fazendo discos nos EUA e com importação, com compra de player ou via contrabando, ou nas viagens ou importado. E meu filho nao vai querer dividir comigo o PlayStation 3 dele. O PlayStation dele é dele.

Não quero dizer que é uma luta inglória, mas para desenvolver isto, acho que o trabalho tem que começar no fabricante do player. A partir do momento em que tivermos fabricantes de players no Brasil, que seja acessível, é que, aí sim, vai valer a pena mostrarmos o diferencial entre o DVD e o Blu-ray.”

O Home Video no Brasil, diferente dos EUA, tem boa parte da sua produção destinada ao mercado de Rental [locadoras], sem elas, o consumo de filmes ficaria restrito ao consumidor final, o que dificulta a entrada de um novo formato no mercado nacional devido aos altos custos, quanto mais unidades se produz, menor o preço final do produto.

Mas vamos ao que interessa, quais as vantagens e desvantagens do Blu-ray na atual situação:

VANTAGENS

1. Qualidade- A qualidade da imagem e som dos filmes é superior aos formatos antigos;

2. Interatividade – A interatividade do usuário com o conteúdo é sensacional, os recursos como BD-Live, U-Control e D-BOX irão proporcionar um experiência muito mais interessante ao se assistir um filme;

3.Games de última geração – Se você optar pelo Playstarion 3 como player, além do leitor de blu-ray você ainda tem um excelente videogame de última geração em sua casa e tudo indica que futuros lançamentos de filmes tragam em seus extras [ou via BD Live] possibilidade de recebermos o game [ou mesmo um demo] do filme adquirido.

DESVANTAGENS

1. Preço dos filmes – Acredito que o preço é o fator chave para o sucesso de qualquer produto, não seria diferente no caso do BD. Enquanto o consumidor tiver que gastar “horrores” para disfrutar de toda experiência que o Blu-ray pode proporcionar, o formato continuará atendendo uma parcela pequena do mercado. Por mais que não pareça, nos EUA o BD também ainda é um produto caro para a maioria das pessoas [dentro do contexto econômico do país é claro]. O mercado americano tem uma previsão na redução dos preços para os próximos 2 ou 3 anos.  E quando discutimos preços não são as promoção da Amazon ou produto adquiridos em sites de leilões como o e-Bay, mas sim o preço base de lançamento que está hoje durante a pré-venda  em U$14.99 para o DVD e U$28.00 para o BD, neste contexto não se compara a questão da edição ser especial ou não, a maioria dos consumidores querem apenas o filme para assistir, por isto as edições simples vendem bem mais que as especiais destinadas ao mercado de colecionáveis, se o BD quer competir em preços então teremos que ter lançamentos na mesma faixa de preço dos DVDs, isto é, em torno de U$15.00 [mesmo que seja para lançar uma versão “pelada” em BD também];

2. Preço dos equipamentos – Para que você possa usufruir de toda tecnologia Blu-ray é necessário um investimento em equipamentos de alta definição, isto inclui: TV Full HD R$3.000,00, Home Teather 7.1 canais R$2.000,00 e BD Player a partir de R$1.000,00, o que totaliza um valor de R$6.000,00

3. Oferta de filmes – A oferta de filmes no mercado nacional é pequena e a maioria dos filmes lançados provavelmente você já adquiriu em DVD. Apesar dos mais de 10 anos da chegada do DVD, muitas obras lançadas em VHS até hoje não chegaram ao mercado digital. No Brasil então o problema é ainda maior devido ao direitos autorais que cada estúdio possuí na distribuição dos filmes, o que restringe o número de lançamentos por aqui. O que temos visto em matéria de lançamentos em BD no mercado internacional, é que estes recebem uma versão hi-def do filme no caso do título ser um lançamento ou um blockbuster, filmes e seriados antigos continuam restrito ao lançamento em DVD.

4. As locadoras – Sem a adesão das locadoras a opção para se asssitir um filme em BD fica restrita a compra, ou você compra o filme ou você não assiste.

5. Sem interatividade – Os recursos interativos incluídos em alguns BDs estão sendo mal utilizados, possivelmente porque os estudios buscam uma forma de faturar com estes serviços adicionais, uma pena porque os recursos prometem muito. Sem contar que muitas edições saem “peladas”, o que vai fazer o diferencial do Blu-ray será não somente a imagem e som superiores mas sim esta interatividade com o usuário. Se um BD é lançado sem este recurso, ele fica muito limitado.

6. Sem fabricação local – Praticamente todos os BD players que encontramos a venda no Brasil são fabricados nos EUA. A propaganda de que você pode assistir DVDs neste player é totalmente enganosa considerando que os discos de DVDs nacionais são codificados para Região 4 enquanto os BD Players possuem além da restrição de Região do formato Blu-ray [que no caso dos EUA e Brasil é Regiao A], também trazem a restrição de Região para o disco de DVD, no caso de aparelhos americanos, são codificados para rodar DVDs Região 1, inclusive o PS3 americano.
Resumindo, o usuário terá que manter o DVD player para poder assistir os DVDs.

7. Ainda que muitos não acreditem no sistema VOD [video-on-demand] alguns sites já estão oferecendo um serviço de locação de filmes via download como é o caso da Saraiva (saiba mais na matéria da Revista Exame).

DICAS E SOLUÇÕES

Dificilmente iremos encontrar uma única  opinião em relação ao custo-benefício do Blu-ray, isto vai depender do bolso de cada um.

Para quem achou o investimento em BD alto, há uma opção no mercado que consiste na compra um TV LCD / Plasma HD na faixa de R$1.800,00 + um DVD player com saída HDMI e recurso para exibir 1080 linhas que sai em média R$300,00. Se você ainda não tem Home Theater, aqui vale a compra de um sistema in box que vem com o dvd player / receiver + caixas que você encontrará no mercado a preços em torno de R$800,00. Você não terá um Blu-Ray em casa, mas com certeza ficará satisfeito com a nova qualidade na imagem e
som dos seus filmes.

A outra opção seria começar a montar um sistema de Blu-ray aos poucos começando pela TV Full HD que pode ser utilizada em conjunto com um dvd player com saída HDMI até você poder adquirir o player de BD (e consequentemente um sitema de som mais eficiente). Claro que tudo isto fica a mercê do tempo e dos avanços tecnológicos, pois até as TVs Top de linha que estão sendo vendidas no Brasil atualmente já estão com seus dias contados. Novos modelos de Plasmas e LCD já estarão chegando ao Brasil até o final do ano.

E você? O que acha disso tudo? Dê sua opinião e colabore também para o debate sobre este polêmico assunto!

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