Imagem Filmes – O Retorno: A Mutilação Continua!

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Os posts informando casos de mutilação de tela aplicados pela Imagem Filmes em seus títulos estão cada vez mais frequentes. Os “casos isolados”, onde o formato de tela original é respeitado nos títulos da produtora, estão cada vez mais raros. Além do problema da mutilação, esta produtora parece ter adotado outra regra: NADA de extras nos Blu-rays!

Leia também

Temos mais duas vítimas do facão da Imagem Filmes (com citações das resenhas feitas pelo site DVD Magazine):

O Vencedor (2010)

Filme indicado a 7 OSCAR, incluindo melhor filme e melhor diretor, mas o tratamento que o Blu-ray recebeu por aqui é digno do Framboesa de Ouro!

DVD Magazine: O problema começa com o formato da imagem. Lançado nos cinemas com proporção de tela 2.40:1, teve “respeitado” seu lançamento no mercado americano. Aqui, houve cortes nas laterais da imagem para se “adequar” ao formato padrão de uma TV wide (1.78:1). Já vimos isso antes, quando os DVDs eram “mutilados” para se adequar ao formato de tela de widescreen (16×9) para standard (4×3). O tempo deu razão aos que exigiam manter o formato com a concepção de formato segundo a visão do Diretor. Mas em BD o erro, repito, se repete. E com uma absoluta falta de explicação plausível. O outro grande problema é a ausência de material extra. Há apenas um trailer do filme. No mercado americano, por exemplo, há uma trilha de comentários em áudio, dois featurettes completos em HD e cenas excluídas.

As Coisas Impossíveis do Amor (2009)

Pobre Natalie Portman, também foi mutilada.

DVD Magazine: Tecnicamente a qualidade de imagem em BD é fraca, com alguma granulação e sem níveis de detalhes que impressionam. A coloração é apenas OK, mas realmente falta definição. E o pior: aparentemente tem cortes na imagem ao apresentar a proporção de 1.78:1 contra 2.35:1 do filme original (e da promessa de pré-venda nos EUA). O áudio está centrado nos canais dianteiros, com fraca presença do subwoofer e dos canais surround, presentes apenas em alguns momentos da trilha, sem ambientação, mesmo para o gênero. (…) O material extra, nesta edição, é nulo.

Conclusão: mais do mesmo! Lembram-se do último post, sobre o Blu-ray de Piranha?

Alguns leitores mandaram e-mails para a Imagem Filmes reclamando desta atitude. Confira na íntegra o e-mail que a produtora está respondendo para os clientes (os erros de português foram mantidos) :

Fico feliz com o seu contato e entendo perfeitamente a sua frustração. Mas tem um ponto que eu gostaria de deixar claro. Nós não pegamos a versão original e cortamos, ou “mutilamos” como o Blog do Jotacê gosta de divulgar. A mecânica funciona assim:  Quando compramos os direitos de distribuição de um filme, os materiais são oferecidos da seguinte como uma tabela de preço. Por exemplo: Negativo do filme, Fotos de Divulgação, Master em HD, etc. O que acontece nestes casos é que optamos por ter acesso ao material com aspecto que é o mais aceito em outras janelas do lançamento (TV aberta, TV paga, etc). E este material é aprovado, e comercializado por quem fez o filme e autorizou a sua venda. Mas como eu disse, entendo a sua frustração e estamos trabalhando para ampliarmos a nossa carteira de filmes, com aspecto e extras semelhantes aos internacionais, isso não é fácil, tão pouco barato, como quase tudo neste país, mas estamos trabalhando neste sentido. Conto com a sua compreensão.

Esta resposta pode “colar” para leigos no assunto, mas NUNCA irá convencer aqueles que conhecem o básico de cinema.

Cabe uma ressalva:  nos  trechos “O que acontece nestes casos é que optamos por ter acesso ao material com aspecto que é o mais aceito em outras janelas do lançamento (TV aberta, TV paga, etc)” e “estamos trabalhando para ampliarmos a nossa carteira de filmes, com aspecto e extras semelhantes aos internacionais, isso não é fácil, tão pouco (sic) barato”, eles primeiro dizem que OPTAM pelo formato com o argumento de ser “mais aceito”, depois afirmam estarem trabalhando para trazer o aspecto correto, mas isso é caro. Ou é uma coisa ou outra, não é mesmo? Uma coisa é usar o formato incorreto por ser mais barato, e outra é usá-lo por opção. Entendo que extras tem valor adicional no pacote (não acredito que seja um valor absurdo), mas lançar títulos com formato de tela incorreto e sem NENHUM material adicional é desvalorizar o próprio produto!

O público que acompanha o nosso site CONHECE os formatos de tela e sabe que isso é sim uma mutilação! Não importa se foi aprovado pelo diretor, produtora, cabo-man… não faz diferença! O que eles precisam entender é: se o formato de tela original é 2.35, qualquer outra “versão” adquirida pela Imagem Filmes diferente dos 2.35 é considerado mutilação, já que apresenta um formato DIFERENTE do original! O colecionador e cinéfilo quer uma cópia fiel do filme na prateleira, e não uma versão alternativa! Portanto, se é a produtora quem corta ou não a imagem, não importa, pois o fato é que o formato de tela de seus títulos são diferentes do formato original! Simples assim.

Com essa mentalidade, os títulos lançados pela Imagem Filmes sempre apresentarão versões alternativas do formato de tela original; sendo assim, nunca poderemos ter, em nosso idioma, a obra da forma que foi concebida por seus realizadores.

– Meus filmes favoritos… todos mutilados!

Conforme vimos nas resenhas do DVD Magazine (nosso parceiro e o mais tradicional em resenhas técnicas no país), elas também criticam a mutilação (sendo exatamente este o termo usado para definir este tipo de “adaptação”) aplicada pela Imagem Filmes! Ou seja, não é apenas algo que “Blog do Jotacê gosta de divlugar”, sendo um erro grave constatado por analistas do assunto.

Existem claros indicativos que esta produtora se preocupa exclusivamente com o mercado de locação:

  • Enquanto outras produtoras lançam Blu-rays para venda direta e locação ao mesmo tempo, a Imagem ainda usa uma janela de cerca de 6 meses entre os dois mercados;
  • Segundo eles, as locadoras preferem formatos mutilados alternativos, como fullscreen no DVD e o mais recente 1.78 no Blu-ray (para preencher toda a tela das TVs wide). Assim, os títulos são elaborados desta forma e a mesma edição é lançada no mercado de venda para o consumidor, ignorando totalmente os colecionadores e amantes da sétima arte.
  • Extras não existem nos Blu-rays. Algumas produtoras também lançam uma versão para locação sem extras, mas quando o título chega para o mercado de venda direta, é feita uma nova versão com material adicional.

Será que as locadoras fazem tanta pressão em cima da Imagem Filmes para ter os títulos dessa forma? Então por que as majors (Fox, Universal, Sony, etc.) lançam seus títulos para locação com formato de tela correto? A única diferença é que algumas majors não colocam extras na edição de locação, o material adicional sai apenas para o consumidor, mas tecnicamente os títulos das grandes respeitam os formatos de tela.

Pelo jeito, as majors já abriram os olhos e perceberam que hoje o grande mercado é o do consumidor/colecionador. Embora ainda existam pessoas que frequentem locadoras, não podemos negar que a maioria delas compra os títulos; basta comparar o número de pessoas dentro de uma locadora com a quantidade de gente em volta das “baciadas” de DVDs nas Americanas. Ou então as pessoas que buscam maneiras “alternativas” de assistir aos filmes.

Então, por que devemos dar nosso dinheiro para uma empresa que não dá a mínima para o colecionador/consumidor final? Enquanto essa mentalidade não mudar, eles precisam torcer para o mercado de locação crescer, pois com esse tratamento que os filmes recebem, hoje ninguém quer títulos da Imagem Filmes na coleção!

Sinceramente, eu torço MUITO pela mudança deste quadro! A Imagem Filmes possui um excelente catálogo e eu queria muito apoiar o mercado nacional, comprando títulos de (e com) qualidade. Embora muitos pensem que só queremos criticar, esses não sabem da satisfação em comprar uma edição nacional caprichada e rasgar elogios para a produtora; por exemplo, o recente caso do Blu-ray de “Os Mercenários – Edição Especial”, da Califórnia Filmes, onde fiz post, vídeo, mandei e-mails e liguei para parabenizá-los pelo lançamento (e muitos leitores fizeram o mesmo).

E então Imagem Filmes, podemos ter alguma esperança de que um dia isso mudará?

Com a palavra, Rodrigo Fante (Supervisor de Comunicação da Imagem Filmes).

NOTA DO JOTACÊ:

Tentamos contato com a Imagem Filmes através de seu supervisor (citado acima) para expor a nossa posição, muito bem esmiuçada pelo Bruno Cabral neste artigo. A empresa se colocou a disposição para uma reunião com o BJC mas, por ser sediada em São Paulo, infelizmente não temos como viabilizar o encontro. Convidamos a empresa para uma conversa não presencial, convite este que não foi aceito.

O BJC já fez diversas entrevistas com executivos de grandes e pequenas empresas do ramo de home video no Brasil através da internet, sempre de maneira muito transparente e responsável. É uma pena que a Imagem Filmes não concorde se comunicar com seus consumidores da mesma forma como Fox, Universal, PlayArte e Focus (entre outras).

Reafirmo aqui a nossa vontade em esclarecer todas as dúvidas sobre os temas abordados neste artigo. O convite para uma conversa não presencial segue firme; afinal, a internet está aí para encurtar distâncias.

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