"J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
"J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
Vi esse post do blog do Melhores do Mundo e achei que fazia sentido postá-lo aqui, pois tem tudo a ver com o "vício" do colecionismo.
Link: http://www.interney.net/blogs/melhoresd ... #more43925
"Editora" Mythos e a velha desculpa de peidorreiro
Foi em meados do início de julho que me caiu nas mãos meu primeiro (e até agora, único) volume de J.Kendall - aventuras de uma criminóloga. O sebo que eu frequento tinha recebido praticamente um carregamento de edições #63 e eu resolvi, depois de cansar de ler críticas elogiosas ao material, comprar uma pra mim. Gostei bastante do que li, mas na semana seguinte recebi a notícia de que a revista estava correndo o risco de ser cancelada, risco que ainda corre (a Mythos deu prazo até a edição #71 pra revista se salvar, ou seja, agora).
Minha primeira reação foi de tristeza. Porra, tinha acabado de ter meu primeiro contato com um material bacana e ele ia pro vinagre? Mas logo em seguida me dei conta de que o melhor que podia acontecer a J.Kendall era ser cancelada - ou quase isso. Peraê que eu explico.
O ultimato da Mythos veio por um motivo, o de sempre: baixas vendas. Parece que J.Kendall não vende quase nada. Daí, segundo a "editora", se, de repente, acontecesse um milagre americano e a criminóloga italiana começasse a se pagar, seria mantida.
Os fãs, no desespero de perderem a sua musa (que tem a cara da Audrey Hepburn), bolaram uma campanha: "Salve Julia Kendall", que se traduz basicamente nisto aqui:
Em nome do Portal TexBR e do gosto pelo colecionismo, peço aqueles que puderem, que comprem um exemplar a mais de Júlia e façam dele um presente a pessoas do seu relacionamento que apreciem uma boa leitura de quadrinhos e que possam depois continuar a adquirir os novos números e a ler por sua própria conta!
Uma boa iniciativa? Sem dúvida. Quem gosta de algo tem mais é que ralar peito pr'esse algo continuar existindo mas... peraí. Algo não cheira bem!
Vamos ver mais um trecho interessante publicado pela galera do TexBr:
Sabemos que isto não é tarefa impossível, no Fórum TexBR fizemos campanhas semelhantes para que Júlia continuasse a partir dos números 12, 24, 36, 48 e conseguimos com isso manter o título até o presente momento, já com 67 edições publicadas.
Pra galera que nunca leu J. Kendall, dou minha palavra: comprei um número e me deparei com uma história bem bacana, amarradinha e capaz de entreter com qualidade. Então, por que não vende? Por que encalha tanto a ponto de UMA VEZ POR ANO os fãs terem de fazer campanha pra sobrevida do título? Por que a campanha é sempre "compre um e dê a um amigo que vá gostar"?
Simples: porque esse amigo dificilmente compraria um exemplar de J.Kendall na banca espontaneamente. Porque, por melhor que seja o conteúdo, ele vem embalado num embrulho de merda. Esse embrulho atende pelo título de "edição nacional da Mythos".
Veja bem: J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga tem 130 páginas, é publicada no estranho formato 13,5 cm X 17,5 cm, em papel jornal, preto e branco e é vendida por R$ 8,90! Fala sério, se você fosse um leitor de HQs, de bobeira por uma banca, compraria isso? Eu não, negão, eu não!
Claro, isso considerando que você conseguisse encontrar J.Kendall n'alguma banca, já que a distribuição da HQ é uma piada.
Mas você é um herói! Conseguiu a HQ (comprou ou ganhou de um amigo), mas já na segunda página se deparou com fotos e um texto mal diagramados, com pinta de gibi de fã-clube:
Você torce o nariz e vira a página, somente pra se deparar com um texto cuja única função é confirmar que o que você tem em mãos não é um gibi, mas o jornalzinho do fã-clube de Julia Kendall. Essa certeza encontrará prova cabal na terceira capa, quando fotos das estantes da casa do autor do gibi te deixarão estupefato.
Mas você prossegue na leitura. E pra quê? Pra na página 79 se deparar com um recordatório repetido...
Percebe onde quero chegar? J.Kendall é um material difícil de vender por si só: é italiano, pouco conhecido pelas pessoas em geral, é mais cerebral, sem muita ação ou colantes. Esse tipo de material tem duas saídas - ou se torna atraente para todo mundo (com uma edição caprichada, chamativa, publicidade em cima e uma distribuição mais forte que de panfleto de político) ou se reconhece como material de nicho e passa a ser pensada como tal. Parece que a "editora" Mythos escolheu a segunda opção, mas quer vender, por mágica, em quantidade equivalente à de um gibi do Homem-Aranha.
Isso NÃO vai acontecer, Mythos! Não porque o material escrito por Giancarlo Berardi não se preste a isso: mas porque a "edição" nacional é uma vergonha que custa caro!
E pra que não digam que eu estou cagando regra, volte lá na campanha "Salve Julia Kendall". A proposta dos fãs é sintomática: "Se você coleciona, compre dois exemplares e dê um a um amigo que pode gostar". Porque será que esse meu amigo não compra, ele mesmo, um exemplar de "J. Kendall" nas bancas? Porque é um material horroroso, né? Porque pra chegar na parte boa (os roteiros e desenhos) eu precisei vencer capas pouco atraentes, papel ruim, preço alto e uma editoração digna do jornalzinho do grêmio lá da E.E. Pedro II onde estudei!
A Mythos, ao colocar a responsabilidade de manter a revista na banca na cacunda dos leitores, repete aquilo que fez quando do cancelamento de "Dylan Dog" e "Conan": se exime de uma responsabilidade que é só dela. Os fãs fizeram e fazem a sua parte, teve leitor suficiente pra essa vergonhosa publicação nacional chegar até o número 71. E como a Mythos recompensou esse esforço? Com mais chicotadas!
Em resumo: se você nunca leu, reafirmo: Julia Kendall é um gibi ótimo. Mesmo numa edição fraca (como a #63, "Venenos"), ainda se coloca anos-luz à frente (em termos de qualidade) daquela sua mensal do Homem-Aranha ou do Superman. Mas, exatamente por essa qualidade toda, sua versão pela Mythos merece ser cancelada. Porque só assim os fãs, admiradores e todos aqueles que ainda não tiveram ocasião de conhecê-la, poderão ao menos sonhar com uma edição nacional de qualidade.
Porque costuma ser melhor nascer surdo do que ouvir desculpa de peidorreiro...
Link: http://www.interney.net/blogs/melhoresd ... #more43925
"Editora" Mythos e a velha desculpa de peidorreiro
Foi em meados do início de julho que me caiu nas mãos meu primeiro (e até agora, único) volume de J.Kendall - aventuras de uma criminóloga. O sebo que eu frequento tinha recebido praticamente um carregamento de edições #63 e eu resolvi, depois de cansar de ler críticas elogiosas ao material, comprar uma pra mim. Gostei bastante do que li, mas na semana seguinte recebi a notícia de que a revista estava correndo o risco de ser cancelada, risco que ainda corre (a Mythos deu prazo até a edição #71 pra revista se salvar, ou seja, agora).
Minha primeira reação foi de tristeza. Porra, tinha acabado de ter meu primeiro contato com um material bacana e ele ia pro vinagre? Mas logo em seguida me dei conta de que o melhor que podia acontecer a J.Kendall era ser cancelada - ou quase isso. Peraê que eu explico.
O ultimato da Mythos veio por um motivo, o de sempre: baixas vendas. Parece que J.Kendall não vende quase nada. Daí, segundo a "editora", se, de repente, acontecesse um milagre americano e a criminóloga italiana começasse a se pagar, seria mantida.
Os fãs, no desespero de perderem a sua musa (que tem a cara da Audrey Hepburn), bolaram uma campanha: "Salve Julia Kendall", que se traduz basicamente nisto aqui:
Em nome do Portal TexBR e do gosto pelo colecionismo, peço aqueles que puderem, que comprem um exemplar a mais de Júlia e façam dele um presente a pessoas do seu relacionamento que apreciem uma boa leitura de quadrinhos e que possam depois continuar a adquirir os novos números e a ler por sua própria conta!
Uma boa iniciativa? Sem dúvida. Quem gosta de algo tem mais é que ralar peito pr'esse algo continuar existindo mas... peraí. Algo não cheira bem!
Vamos ver mais um trecho interessante publicado pela galera do TexBr:
Sabemos que isto não é tarefa impossível, no Fórum TexBR fizemos campanhas semelhantes para que Júlia continuasse a partir dos números 12, 24, 36, 48 e conseguimos com isso manter o título até o presente momento, já com 67 edições publicadas.
Pra galera que nunca leu J. Kendall, dou minha palavra: comprei um número e me deparei com uma história bem bacana, amarradinha e capaz de entreter com qualidade. Então, por que não vende? Por que encalha tanto a ponto de UMA VEZ POR ANO os fãs terem de fazer campanha pra sobrevida do título? Por que a campanha é sempre "compre um e dê a um amigo que vá gostar"?
Simples: porque esse amigo dificilmente compraria um exemplar de J.Kendall na banca espontaneamente. Porque, por melhor que seja o conteúdo, ele vem embalado num embrulho de merda. Esse embrulho atende pelo título de "edição nacional da Mythos".
Veja bem: J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga tem 130 páginas, é publicada no estranho formato 13,5 cm X 17,5 cm, em papel jornal, preto e branco e é vendida por R$ 8,90! Fala sério, se você fosse um leitor de HQs, de bobeira por uma banca, compraria isso? Eu não, negão, eu não!
Claro, isso considerando que você conseguisse encontrar J.Kendall n'alguma banca, já que a distribuição da HQ é uma piada.
Mas você é um herói! Conseguiu a HQ (comprou ou ganhou de um amigo), mas já na segunda página se deparou com fotos e um texto mal diagramados, com pinta de gibi de fã-clube:
Você torce o nariz e vira a página, somente pra se deparar com um texto cuja única função é confirmar que o que você tem em mãos não é um gibi, mas o jornalzinho do fã-clube de Julia Kendall. Essa certeza encontrará prova cabal na terceira capa, quando fotos das estantes da casa do autor do gibi te deixarão estupefato.
Mas você prossegue na leitura. E pra quê? Pra na página 79 se deparar com um recordatório repetido...
Percebe onde quero chegar? J.Kendall é um material difícil de vender por si só: é italiano, pouco conhecido pelas pessoas em geral, é mais cerebral, sem muita ação ou colantes. Esse tipo de material tem duas saídas - ou se torna atraente para todo mundo (com uma edição caprichada, chamativa, publicidade em cima e uma distribuição mais forte que de panfleto de político) ou se reconhece como material de nicho e passa a ser pensada como tal. Parece que a "editora" Mythos escolheu a segunda opção, mas quer vender, por mágica, em quantidade equivalente à de um gibi do Homem-Aranha.
Isso NÃO vai acontecer, Mythos! Não porque o material escrito por Giancarlo Berardi não se preste a isso: mas porque a "edição" nacional é uma vergonha que custa caro!
E pra que não digam que eu estou cagando regra, volte lá na campanha "Salve Julia Kendall". A proposta dos fãs é sintomática: "Se você coleciona, compre dois exemplares e dê um a um amigo que pode gostar". Porque será que esse meu amigo não compra, ele mesmo, um exemplar de "J. Kendall" nas bancas? Porque é um material horroroso, né? Porque pra chegar na parte boa (os roteiros e desenhos) eu precisei vencer capas pouco atraentes, papel ruim, preço alto e uma editoração digna do jornalzinho do grêmio lá da E.E. Pedro II onde estudei!
A Mythos, ao colocar a responsabilidade de manter a revista na banca na cacunda dos leitores, repete aquilo que fez quando do cancelamento de "Dylan Dog" e "Conan": se exime de uma responsabilidade que é só dela. Os fãs fizeram e fazem a sua parte, teve leitor suficiente pra essa vergonhosa publicação nacional chegar até o número 71. E como a Mythos recompensou esse esforço? Com mais chicotadas!
Em resumo: se você nunca leu, reafirmo: Julia Kendall é um gibi ótimo. Mesmo numa edição fraca (como a #63, "Venenos"), ainda se coloca anos-luz à frente (em termos de qualidade) daquela sua mensal do Homem-Aranha ou do Superman. Mas, exatamente por essa qualidade toda, sua versão pela Mythos merece ser cancelada. Porque só assim os fãs, admiradores e todos aqueles que ainda não tiveram ocasião de conhecê-la, poderão ao menos sonhar com uma edição nacional de qualidade.
Porque costuma ser melhor nascer surdo do que ouvir desculpa de peidorreiro...
"Não faço loucuras para ter um objeto, se não o prazer vira desespero" Homero Rodrigues
Re: "J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
FYI: A Mythos é a editora que tem os direitos de publicação da Panini no Brasil.
"Não faço loucuras para ter um objeto, se não o prazer vira desespero" Homero Rodrigues
Re: "J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
a revista foi cancelada no atual #71 não foi ???
Re: "J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
A editora estava indecisa quanto ao cancelamento.
"Não faço loucuras para ter um objeto, se não o prazer vira desespero" Homero Rodrigues
- llfelipell
- Chumbrega
- Mensagens: 46
- Registrado em: Sex 23 Jul 2010 15:10
Re: "J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
Querem que as vendas aumentem, mas não movem uma palha para melhorar a qualidade ou o preço do produto final, o que não é difícil, já que a qualidade apresentada é baixa e o preço é alto.
No fim, cancelam a revista e ainda querem que o leitor que fique com a "culpa" do encerramento da publicação.
No fim, cancelam a revista e ainda querem que o leitor que fique com a "culpa" do encerramento da publicação.
Re: "J. Kendall" corre o risco de ser cancelada no Brasil
Exatamente...llfelipell escreveu:Querem que as vendas aumentem, mas não movem uma palha para melhorar a qualidade ou o preço do produto final, o que não é difícil, já que a qualidade apresentada é baixa e o preço é alto.
No fim, cancelam a revista e ainda querem que o leitor que fique com a "culpa" do encerramento da publicação.
"Não faço loucuras para ter um objeto, se não o prazer vira desespero" Homero Rodrigues
24 anos de Comix
A partir de amanhã (dia 29 de Outubro) as 18:00 e também no dia 30 à partir das 16:00 a Comix colocará em promoção os seguintes títulos em comemoração aos seus 24 anos de vida tanto na loja fisica quanto na virtual :
tirado do site: http://comix.com.br/blog/
site da loja: http://comix.com.br/
obs: 200 posts
- Spoiler: exibir
tirado do site: http://comix.com.br/blog/
site da loja: http://comix.com.br/
obs: 200 posts
Re: 24 anos de Comix
Bela dica!
Pensando seriamente em pegar LV: Renascimento e Scott Pilgrim. O frete é que desanima.
Pensando seriamente em pegar LV: Renascimento e Scott Pilgrim. O frete é que desanima.
"Não faço loucuras para ter um objeto, se não o prazer vira desespero" Homero Rodrigues
Re: 24 anos de Comix
Até existem uns três itens que não peguei na FestComix e poderia pegar aí, mas meu cartão tá atolado até janeiro.
Deixa a situação aliviar um pouco.
Deixa a situação aliviar um pouco.